A Casa dos Sonhos
por Lucas Salgado
PESADELO RISÍVEL
04/11/2011
O diretor pedir para ter seu nome retirado dos créditos do filme não é nunca um bom sinal. E foi isso que aconteceu com A Casa dos Sonhos, no qual o cineasta Jim Sheridan (Entre Irmãos)
alegou divergências com relação ao corte final para não querer ver seu
nome presente na produção. Como tudo é muito secreto nos bastidores dos
grandes estúdios de Hollywood fica difícil tomar um partido na situação,
mas de longe fica parecendo que Sheridan não gostou do resultado de seu
longa e agora está querendo pular fora do barco. É difícil acreditar
que um diretor como ele, que teve nada menos que cinco indicações ao
Oscar, tenha entrado num projeto grande sem ter se assegurado de que
tinha o corte final.
De qualquer forma, os problemas nos bastidores ficam mais como curiosidade, enquanto que o fato real é que A Casa dos Sonhos é
um dos piores filmes lançados em 2011. Jim Sheridan quis fazer sua
estreia no cinema de horror, mas acabou confundindo e fazendo um longa
que é um horror.
Quase nada funciona na produção e para a
felicidade do diretor não é difícil imaginar que esta seja completamente
esquecida daqui a algum tempo. Se o mundo do cinema finge que Água Negra nunca existiu para Walter Salles, por que o mesmo não pode acontecer com Sheridan?
Na verdade, o novo longa deve ser lembrado ao menos pelo fato de ter preparado o terreno para o casamento de Daniel Craig e Rachel Weisz. Mas só por isso, afinal os próprias atores se recusaram a participar da campanha de divulgação.
A
história gira em torno de Will Atenton (Craig), um bem sucedido editor
em Manhattan que deixa o emprego e se muda com a esposa Libby (Weisz) e
suas duas filhas para uma cidadezinha. Em pouco tempo, descobrem que a
casa onde vivem foi o local do assassinato de uma mãe e suas filhas, um
crime que a cidade inteira acredita ter sido cometido pelo próprio
marido. Will começa então a investigar o caso.
Naomi Watts,
Marton Csokas e Elias Koteas completam o elenco ao integrarem uma
subtrama desnecessária e fora de contexto, dentro da qual o longa ainda
oferece uma reviravolta absurda e desinteressante.
Como podem
ver, a trama escrita por David Loucka é pra lá de comum e os inúmeros
clichês do gênero terror/suspense só dificultam na criação de um vínculo
entre filme e espectador. É triste ver uma pessoa como Sheridan, que já
realizou obras como Meu Pé Esquerdo, Em Nome do Pai e Terra de Sonhos, realizando um trabalho tão ordinário.
Dream House (no original) conta com uma boa direção de fotografia do sempre competente Caleb Deschanel (A Paixão de Cristo), mas não há belas tomadas que salvem um argumento tão mal desenvolvido que acaba servindo de alívio cômico.
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