sábado, 2 de julho de 2011

Contos De Horror

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Roberto e Fausto

Roberto, 38 anos, cabelo preto, olhos castanhos, cerca de 1,65. Acordava todas as noites as 11:40 pm tomava um banho de meia hora ou 40 minutos, tomava café preto com duas colheres de açúcar colocava sua calça social com camisa branca e gravata.
Como vendedor de remédios em drogarias, começa seu dia cedo. Pega o primeiro ônibus para o centro da cidade as 5:00 da manhã.
Suas vendas iam mal, não tinha dinheiro para compra material escolar para seu filho, e não agüentava mais sua mulher reclamando sobre as dividas atrasadas.
Roberto passara a noite em claro, pois sua firma estava fazendo cortes e ele tinha certeza que seria despedido, como daria uma noticia dessas para Ana Paula, sua mulher?
No dia 28 de agosto de 1969 seu radio relógio despertador, despertou um pouco mais tarde naquela madrugada. Ele tocava um lançamento da época, Old Brown Shoe, sua rotina foi à mesma.
No largo de São Bento ele senta, após ter rodado a manhã toda e não ter passado um só pedido para vendas.
Ele descansa alguns minutos e depois cruza a multidão.
Um homem alto cerca de 1,80 magro, de óculos, com corrente e relógio de ouro, tromba com Roberto.

- Ha, me desculpe, eu... Espere... Roberto certo?
- Sim, e você é?
- Sou eu, Fausto.
- Minha nossa não acredito, você está tão diferente, está tão magro e com uma aparência ótima!
- É, eu emagreci 30 Kg uma dieta especial, você esta com uma cara horrível, parece cansado!
- É, as coisas não foram muito bem para mim depois que saímos do colégio.
- Problemas financeiros?
- Sim.
- Bom, eu herdei de meu pai sua agência de carros, estou precisando de um novo gerente, o que você acha?
- Como nos velhos tempos, você livra minha cara não é? (risos)
- E aí, o que me diz?
- Seria ótimo, espere até Ana Paula saber.
- Espera, você casou com a Paulinha? Fico feliz por você, você sempre gostou dela.
- É, acho que um emprego novo salva nossa relação. Por que não almoça com a gente esse fim de semana? A Paula adoraria te ver.
- Não vai ser possível, esse fim de semana vou para o pantanal, pescaria é meu hobby.
- Eu sempre quis pescar.
- Bom, então podemos combinar, te busco em sua casa sábado as 08:00 da manhã. E semana que vem almoço em sua casa.

Roberto ficou tão feliz de ver seu velho amigo Fausto que a semana passou como num piscar de olhos.
E pela manhã de sábado, os dois desciam o rio que Fausto descia uma vez por mês.
Fausto ria e lembrava dos velhos tempos enquanto remava. Roberto estava apreensivo porque não sabia nadar muito bem e não largava o mapa indicando a direção do rio que eles iam descer.
Em um certo ponto do rio ele se divide.
- E agora Fausto? O mapa não indica esse desvio.
- Os dois dão para o mesmo lugar, principiantes vão pela esquerda, a direita é um pouco mais estreito mas chegaremos muito mais rápido ao destino.
- Acho melhor irmos pelo lugar indicado.
- Calma Roberto conheço isso com a palma da minha mão.

Mesmo contra vontade de Roberto os dois seguiram o caminho estreito.
Fausto pede para parar de remar.
Enquanto observa uma dilatação na água, bem forte, o que se movimenta em baixo da água muda de direção passando por de baixo da canoa, batendo neles.
A canoa balança de um lado a outro.
Roberto se apavora pois não nadava tão bem como Fausto, apesar dos seus salva vidas no corpo.

- Que porcaria é essa ?
- Não sei, acalme-se.
- Olha ali na frente.

Fausto olha adiante como Roberto falou.

- O que é aquilo? 
- Um jacaré, filhote, temos que espera ele sair do caminho, eles ficam parados se fingindo de tronco para virar canoas.

O jacaré devagar afundou e rapidamente chocou contra eles, virando a canoa Roberto se debate; no pânico, não conseguia nadar.
As águas escuras e barrentas do rio o impediam de enxergar.
Fausto mergulha e passa o braço no pescoço de Roberto, que em segundos sente a dentição de arcadas cruzadas pegar sua perna esquerda.
Um segundo foi tempo suficiente para quebra a perna de Roberto em três partes expostas.
O jacaré tenta rodar mas sua presa escapa. Fausto consegue nadar ate a beirado rio.
Um lugar aberto com um pouco de lama e cercado por mato.
Não tinha como voltar para a canoa pois ela se partira em duas.
Roberto não conseguia nem gritar só travava os dentes e temia ser atacado de novo.

- Calma, ele não vai voltar.
- Como pode ter certeza?  Aqui é local para jacaré, eles descem o rio ainda jovens.
- Era só um filhote, se fosse um adulto você não escaparia.
- Ele ainda esta aprendendo a caçar, ele já deve ter descido o rio.
- Como vamos sair daqui?
- Se não dermos até o fim do dia a polícia já começa a fazer busca pelo rio.
- Vou imobilizar sua perna e estancar um pouco o sangue com folhas.

1ª noite:

- Estou com sede.
- Esta quase escurecendo, ouço uma queda d’água.
- Vou buscar água para nós.
- Como vou ficar sozinho? Não consigo me mexer, nem pernas, nem braço, nem consigo mexer o pescoço.
- Não se preocupe, nada vai te acontecer.
- Como nos velhos tempos, não é?
- Eu salvando sua pele.

Roberto apenas deu um sorriso fraco e apertou os olhos duas vezes, respirando fundo, como quem da uma confirmação de confiança.
Fausto pegou um facão, segurou a mão do amigo colocando-a no peito de Roberto, fazendo segurar a faca com o gume para baixo.
Fausto soltou a mão de Roberto e olhou mais uma vez para ele com um olhar de receio em deixá-lo ali.
Fausto vira e corre para o meio da mata. Algumas horas se passaram e Fausto não voltava.
Pelo canto dos olhos Roberto observa o rio com medo do que poderá aparecer e o levar para baixo da água. Por outro lado via a mata fechada que conforme escurecia menos se via.
Roberto mal sentia seu corpo, só uma sensação de arrepio causada pelas formigas que subiam e mordiam suas feridas.
Um barulho no mato com uma respiração ofegante chama sua atenção.
Seu coração acelera e só seus olhos se movem. Algo se movimenta rápido por de trás do mato alto, correndo de um lado para outro, às vezes parava e ofegava.
Quando a respiração se acalma, ele sentia que todos os barulhos que o cercavam diminuíam, suas batidas cardíacas, o rio, o vento.
Ele sente que seria atacado, e grita apavorado até sua voz sumir com rouquidão.
Roberto se acalma e tenta ouvir alguma coisa mas nada ouve.
Ele chora e ri, em pânico repetindo.

- Deus, deus, me tira daqui.

Fausto volta correndo com todos cantis cheios com água. Dá de beber para o seu companheiro e lava as feridas.
Roberto adormece. Um pouco antes de ele dormir, Fausto diz que próximo da cachoeira havia Capivaras e pega o facão prometendo voltar com comida.
Roberto descreveu o ocorrido na mata, Fausto não deu muita atenção, ele acreditava ser fruto do medo, ou fome, até mesmo sede.
Assim que Roberto acordou Fausto tinha cercado ele com folhas para ter mais conforto e também feito uma fogueira.

- Como esta se sentindo?
- Não sinto minha perna esquerda.
- É plausível, uma vez que sofreu um ferimento grave nela. Aliás pelo pouco que sei você vai parar de sentir seu corpo, pouco a pouco.
- Mas se você se alimentar da minha dieta especial irá ficar mais forte. (risos)
- Você vai recuperar seus movimentos pouco a pouco, deve ter lesionado a musculatura, logo os movimentos voltam. Agora tente comer um pouco.

Fausto aproxima um pedaço de carne presa a ponta do facão até a boca de Roberto.

- Amanhã já estarão procurando a gente e vamos para a casa comer a comida da Paulinha (risos)
- Talvez devêssemos ficar aqui então... (mais risos)

2ª noite:
- Sinto formigamento no corpo todo e não sinto mais minha perna direita do joelho para baixo.
- Fausto?
-...
- Fausto?

Roberto continuou chamando Fausto sem resposta.
Ainda não podendo se mover nem mesmo virar o pescoço.
Roberto começa a sentir enjoo e tudo começa a rodar, o sol arde em seu rosto.
Piscando os olhos bem apertados, sente um peso para abri-los.
Roberto desmaia, acordando ainda meio tonto, avistando uma figura muito próxima só observando-o.

- Fausto é você?

Mas a peculiar figura que Roberto avista não responde, só observa.
Roberto não consegue ver com olhar periférico o que seria, só percebe uma figura humana escondida pela sombra que o sol forte produz nela mesma.
A figura sombria começa a respirar ofegante como aquilo que antes estava no mato.
Mais uma vez ele desmaia e dessa vez acorda somente à noite.

- Fausto?
-...
 - Fausto?

Nada do seu amigo voltar.

- Não sinto meu braço esquerdo
- Tem alguma coisa aqui, eu sei.
- Quem é você? O que você quer? - grita Roberto.
- O que fez com Fausto?

Um berro vem do meio da floresta.
Um grito de lamento muito forte.

- Fausto. Eu  conheço essa voz.
- Fausto! - grita Roberto
- Fausto.

Não a mais gritos, nem resposta.
Mas Roberto não desiste.

- Fausto!
- Fausto!
- Fausto!

Até que então é retornado, em voz alta e desesperadora.

- Roberto! Roberto! Não, Roberto! Não!

Os gritos eufóricos de Fausto ficam mais fracos e longe.
Até que ambos se calam.
A noite passa devagar e calma.

3ª noite:

Roberto dormiu o dia todo, e acordando assustado após um pesadelo com flashes de tudo o que ocorrera desde que encontrou Fausto na São Bento, seu pesadelo seguiu, ao som Old Brown Shoe ,que ficava mais lento e com voz destorcida.
Alguém corre do mato em sua direção, de baixo para cima.
Era Fausto. Roberto podia ver que ele estava sem camisa e apesar de não ter um corte visível estava coberto de sangue, com o facão na mão direita e um olhar evasivo.

- O que aconteceu Fausto? Achei que você tivesse morrido!
- Me desculpa, não estava em meus planos acabarmos presos aqui. Às vezes acampo o fim de semana inteiro, mas dessa vez eu não planejei isso.
- Você viu alguma coisa na floresta?
- Sim.
- O que? O que foi que você viu, Fausto?
- Nada.
- Nada? O que você viu?
- Um demônio.
- Dentro de todos há um bem e um mal, eu vi o mal que tem dentro de um homem – Wendol...
- Não tem sentido o que você esta falando, Fausto.

Mas Fausto continuava a repetir.

- Wendol...
- Você precisa se acalmar. Eu preciso que você se acalme. Não sinto mais dor, não sinto nada, só sinto muita sede.

Fausto se agacha e dá de beber para seu amigo.

- Nós vamos sobreviver, Fausto?
- Eu vou, eu vou, Roberto.
- Agora tenho que preparar algo para você se alimentar.

Última noite:

Roberto já consegue mover o pescoço, sente sangue na sua garganta olha ao lado esquerdo e vê a água se mover.
E a proa de uma pequena lancha escrito R.P.F (resgate policia florestal).
Movendo o pescoço para todos os lados pode ver tudo a sua volta.
Seu corpo, floresta e Fausto.
Fausto se agacha com um pedaço de carne na ponta da faca colocando na boca de Roberto.
Os policiais que estavam na lancha não podiam acreditar na cena que viam.
Roberto foi encontrado sem parte das duas pernas e sem os dois braços.
Havia uma fogueira que entregava sua localização, ela estava com dois pedaços de madeira segurando seu descarnado braço direito.
E Fausto?
Fausto estava nu, coberto com sangue e alimentando seu amigo com sua dieta especial.
 J.P.DONÁ (PIT-BULL)

* Fausto é o protagonista de uma popular lenda alemã de um pacto com o demônio, baseada no médico, mágico e alquimista alemão Dr. Johannes Georg Faust (1480-1540). O nome Fausto tem sido usado como base de diversos romances de ficção, o mais famoso deles do autor Goethe, produzido em duas partes, tendo sido escrito e reescrito ao longo de quase sessenta anos. A primeira parte - mais famosa - foi publicada em 1806 e a segunda, em 1832 - às vésperas da morte do autor.
Considerado símbolo cultural da modernidade, Fausto é um poema de proporções épicas que relata a tragédia do Dr. Fausto, homem das ciências que, desiludido com o conhecimento de seu tempo, faz um pacto com o demônio Mefistófeles, que o enche com a energia satânica insufladora da paixão pela técnica e pelo progresso.


*¹Wendols é uma tribo de comedores de gente, a lenda diz que eram meio homem meio urso e que ao comer a carne humana eles adquiriam força e conhecimento daquela pessoa, Ibn Fadlan de Ahmad (Ahmad ibn Ibn Hammād de Rašīd do ibn do al-Abbās do ibn de Fadlān) em seu manuscrito em sua experiência e estudo ao lado dos vikings descrever que os Wendols se vestiam com pele de urso para assustar seus inimigos e devoravam os corpos de humanos que não fossem de sua tribo.         
 J.P.DONÁ (PIT-BULL)

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